Foi a primeira coisa que eu reparei em você. O sorriso. Você sorria pouco, mas quando sorria, sorria bonito, e sorria pra mim. Só pra mim.
Não quero dizer que eu era especial. Naquele tempo, eu era só "eu".
Mas você tratava as pessoas assim. Você falava com elas, e valorizava cada palavra, e quando você sorria, sorria só pra uma pessoa de cada vez, e assim, eu, e todos os outros, nos sentíamos únicos.
Você usava aparelho, eu lembro bem, mas isso não interferia. Quando você sorria, sorria todo. Seus dentes, seus lábios, seus olhos... Tudo sorria, e era como uma criança, perfeitamente feliz, como se não houvesse maldade no mundo, como se nunca houvessem dias ruins, como se o céu fosse sempre azul.
Eu amei seu sorriso antes de amar todo o resto.
Eu amo o seu sorriso, e todo o resto, até hoje.
2 - Adoro quando você segura minhas mãos.
Desde sempre. Antigamente, você segurava minhas mãos enquanto falava, e massageava os nós dos meus dedos distraidamente, como se fosse um tique, um hábito inconsciente. Às vezes, eu parava de ouvir o que você estava dizendo e me concentrava só no toque das suas mãos, em como isso me fazia sentir... Bem.
Os anos passaram, e nossas mãos se encontraram pouco ao longo deles, mas numa tarde fria, antes da Bienal do Livro, depois do show do Offspring, você segurou minha mão, perguntou como eu estava, e relembrar aquela sensação, sentir de novo o seu toque, fez meu coração bater acelerado. Naquela tarde, se eu pudesse, não teria soltado a sua mão.
Alguns meses depois, no escuro frio do cinema, enquanto nós assistíamos "O curioso caso de Benjamin Button", nossas mãos hesitavam em se tocar. De braços cruzados, lado a lado, nossos dedos se tocavam de leve quando nos endireitávamos na cadeira, e nós começamos a nos endireitar mais e mais, até que acabamos, de algum jeito, de mãos dadas.
Eu não queria soltar.
Você segurou minha mão até o filme acabar - e caramba, é um filme longo. E enquanto nós nos preparávamos pra sair do cinema, e eu pensava um pouco desapontada que o contato quente da sua mão ia acabar, você continuou segurando, por todo o caminho até a escada rolante, quando você se deu conta e soltou, desajeitado, e nós passamos por aquele momento estúpido em que ninguém sabe onde colocar as mãos.
Hoje, você segura minhas mãos com muito mais frequência. Quando caminhamos lado a lado, quando nos sentamos pra assistir um filme, quando vamos a algum restaurante, quando estamos pegando carona com nossos amigos - mesmo que você esteja no banco da frente e eu no de trás, nossas mãos sempre acabam se encontrando.
O toque da sua mão ainda é o mesmo. Firme, mas suave. Quentinho, acolhedor. Quando você segura minhas mãos, eu sinto, eu sei: eu estou segura, e não quero - nem preciso - de mais nada.
3 - Adoro quando bagunça meu cabelo.
Mas quando você pergunta, sempre digo que não.
Gosto porque é assim que eu sei que mesmo quando eu estou nos meus piores momentos, você ainda gosta de mim, e mesmo quando eu penso que tudo a meu respeito está ruim, errado e fora do lugar, você vem, encontra beleza no meu caos, e diz que ama também essa parte de mim.
Gosto porque é assim que eu sei que você nunca vai me depreciar, mesmo que pra isso você precise contar uma ou duas mentirinhas - "você está linda" geralmente é mentira, e eu sei, mas obrigada mesmo assim por dizer.
4 - Adoro quando você conversa comigo sobre bobagens.
E nós nunca ficamos sem assunto.
E mesmo que eu não entenda algum assunto, você nunca me faz sentir burra. E mesmo quando eu rio por besteira, você nunca me faz sentir boba. E mesmo quando eu falo alguma burrice, você não me faz sentir envergonhada.
E mesmo que sejam conversas sem nenhuma importância para a humanidade - como qual anime é o melhor dessa temporada, ou como o Bruce Willis sempre interpreta o mesmo papel (John McClane) com nomes diferentes, ou como as piadas de internet estão se espalhando cada vez mais, e como o novo pote de Nutella é estranho por não ser mais de vidro -, ouvir o som da sua voz, me falando sobre coisas que eu não tenho necessidade nenhuma de saber, me fazendo rir, ou reclamar do seu péssimo senso de humor, é um dos maiores tesouros que eu tenho.
São essas nossas conversas, infinitas e infinitamente bobas, que me dão a certeza de que com você, mesmo nos piores dias, eu ainda vou ter coragem pra lutar, motivos pra sorrir, e uma companhia ao longo da caminhada.
5 - Adoro quando você me elogia.
Quando me bajula, quando me defende, quando me engrandece. Adoro quando fala pra outras pessoas sobre o quanto eu sou especial. Embora me deixe encabulada, meio sem jeito, mas sempre me faz sentir que eu sou tão grande pra você quanto você é pra mim.
E pode acreditar, mesmo que eu não seja tão boa quanto você em expressar o meu afeto, você é pra mim tão importante quanto respirar, ou quanto a batida do meu coração.
Enquanto escrevo isso, tento imaginar uma linha de tempo diferente, em que nós nunca tivéssemos nos conhecido, em que nós nunca tivéssemos nos apaixonado, ou começado a namorar. E é assim que eu percebo que uma realidade em que você não faz parte da minha vida é simplesmente impossível de conceber para mim.
Eu te amo.
Feliz aniversário de 5 anos de namoro.